quarta-feira, 3 de junho de 2009

A reconfiguração da Família

Família Contemporânea
Angélica Lima
É intuitivo identificar família com a noção de casamento, ou seja, um conjunto de pessoas ligadas a um casal, unida pelo vínculo do matrimônio. Também vem à mente a imagem da família patriarcal, sendo o pai a figura central, na companhia da esposa e rodeado de filhos, genros, nora e netos. Essa visão hierarquizada da família, no entanto, vem sofrendo com tempo uma profunda transformação. Além de ter ocorrido uma significativa diminuição do número de seus componentes, também começou haver uma inversão de papéis, e os seus novos contornos estão quase a desafiar a possibilidade de encontrar uma conceituação única para sua identificação.

De início duas pessoas fundiam-se numa só, formando uma unidade patrimonial, tendo o homem como o único elemento identificador do núcleo familiar. Com o tempo, o conceito de família foi se alargando, passando a integrá-lo as relações monoparentais, de um dos pais com seus filhos. Esse redimensionamento acabou afastando da ideia de família o pressuposto do casamento. Para a sua configuração, deixou-se de exigir a necessidade de existência de um par, o que consequentemente subtraiu de sua finalidade a proliferação.

Com a implantação do Divórcio, surgiu a instabilidade das uniões tradicionais e a consequente aceitação de união estável, aquela onde ainda existe a convivência duradoura, pública e contínua de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família. Mas vale ressaltar, que aqui não ocorre vínculo civil da relação. Novos modelos familiares, muitos formados por pessoas que saíram de outras relações, fizeram surgir novas estruturas de convívio.

A família dita moderna e ou contemporânea constituiu-se em um núcleo de crescente transformação a partir do desgastado modelo clássico, matrimonialmente hierarquizado e centralizador de uma prole numerosa que conferia status ao casal. Opta-se agora, por uma prole reduzida, em que papéis se sobrepõem e se alternam, se confundem e ao mesmo tempo se invertem. Percebendo-se assim, uma dinâmica nas transformações junto à “família tradicional”.
Ilustração
A Família - Tarcila do Amaral

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